Cada marca de carvão presente na obra Deixar um Rasto é mais do que um simples registo visual; é um fragmento de um ato criativo em contínua construção, uma prova tangível da relação entre o visível e o ritualístico. A partir de registos rápidos e imbuídos de uma energia que transgride simbolicamente os limites impostos pelo material, na série Linguagem das Mãos, procuro criar um vocabulário expressivo que transita entre o enigma e a revelação. É a partir do gesto que parto para o desconhecido, tal como no impulso primordial de “escrever” e “desenhar”, onde encontro o ponto de partida para criar espaços internos e paisagens psicológicas. São territórios que habitam entre o imaginário e o real, onde a marca e o rasto ganham vida como símbolos de uma narrativa que nunca se completa, mas que permanece aberta à interpretação. Nesta composição, a abstração gestual não é apenas um processo, mas uma busca emocional, um diálogo entre a intenção e o acaso, que revela o poder do gesto como sombra do ato criativo e como prova viva do seu percurso. Produção Sustentável – O uso de pigmentos naturais reforça a ligação entre o gesto e a matéria, onde cada marca se torna um vestígio orgânico de um processo em constante transformação.