Metamorfose do Pássaro Espírito nasce de uma exploração profunda da relação cíclica entre espiritualidade e natureza, do seu poder simbólico como veículo para introspeção e revelação. Fazendo referência à obra de Morris Graves, Spirit Bird, esta pintura evoca uma visão animista dos elementos naturais. O corvo, figura central nesta obra, estabelece também uma ponte simbólica com o poema “O Corvo” de Edgar Allan Poe, onde o pássaro, com a sua presença enigmática e ancestral, se torna guardião de segredos intangíveis e mensageiro entre mundos. Tal como no verso: “Abri então a vidraça, e eis que, com muita negaça, Entrou grave e nobre um corvo dos bons tempos ancestrais. Não fez nenhum cumprimento, não parou nem um momento, Mas com ar solene e lento pousou sobre os meus umbrais, Num alvo busto de Atena, que há por sobre meus umbrais, Foi, pousou, e nada mais.” A abstração gestual, característica do meu trabalho, dá forma a espaços internos que expressam as complexas relações cíclicas entre matéria e espírito. As repetições em monotipias sugerem uma transmutação contínua das formas, uma metamorfose onde o pássaro não é apenas uma entidade física, mas um símbolo do espírito em ascensão. A pintura evoca a Paz, refletindo a conexão entre o ser humano e a natureza como um ciclo de transformação. O corvo, presença enigmática, surge como mediador entre dimensões, sugerindo a harmonia entre o material e o espiritual.