
Obra 22
João Concha
não-casa VII (esperança profunda)
Técnica mista sobre papel
25 x 25 cm | 50 x 50 cm (com moldura)
Tema: Justiça e Paz
2025
Nascido no Alentejo (Évora), há muito tempo que me lembro deste contacto com a Tapeçaria de Portalegre e o efeito surpreendente, quase mágico, das suas cores e nuances na minha sensibilidade enquanto criança. Acredito que essas tapeçarias, visitadas em museus e outros espaços, infuíram no meu imaginário e também nas referências mais estilizadas ou abstractizantes (representações modernistas, por exemplo) que foram moldando o meu interesse pelas artes visuais. No âmbito da 1.a edição do Prémio Tapeçaria de Portalegre, os três trabalhos inéditos que submeto a concurso correspondem a uma meditação sobre a noção de ‘CASA’. Esse espaço de segurança e paz possível é inúmeras vezes posto em causa por guerras e confitos, crises socioeconómicas, migrações forçadas e exílio, entre outros impedimentos no acesso ao direito humano básico e fundamental que é (ou deveria ser) a Habitação. De resto, tenho explorado em anos recentes o tema do ‘lar’, do ‘abrigo’ e da ‘intimidade’, condições imprescindíveis para que os ideais de justiça e paz — associados a esse lugar primeiro de construção pessoal e/ou comunitária — se possam cumprir. A actualidade internacional mostra-nos, mais uma vez, como esta questão é crucial ao desenvolvimento sustentável da vida do ser humano, mas em simultâneo, e lamentavelmente, o quão tem sido manietada por graves confitos militares, antigos ou recentes (e.g. Gaza, Sudão, Ucrânia e muitos outros lugares ainda hoje em guerra), destruindo tantos lares e ameaçando o próprio planeta enquanto ‘casa’ de todos.
