Difculdades reais ou abstractas rasgadas sempre por uma esperança que não cessa, que de alguma maneira, e mesmo que subtil, atravessa a parede ou entra pelo vão vazio, trazendo luz e vibrando na cor. É este complexo universo doméstico, ligado tantas vezes ao fazer da tapeçaria, que as imagens procuram evocar sem ilustrarem literalmente, pensando nas invisíveis mulheres que trabalham em casa, no tear ou não só, e que entretecem sempre fos e tons vários pela vida fora (construindo ‘casas’). As três obras que aqui enquadrei têm uma existência autónoma e não defno qualquer hierarquia entre as mesmas — apenas uma eventual ordem/sequência para exposição —, sendo pensadas para evidenciar as qualidades da Tapeçaria de Portalegre no tocante à cor e riqueza de matizes, às formas e suas diagonais, e ao atingível grau de fidelidade a um original de pintura. Deste modo, a intensidade cromática e o contraste entre planos foram importantes na concepção e execução dos trabalhos, permitindo atestar as potencialidades específcas desta riquíssima técnica têxtil criada pela Manufactura de Tapeçarias de Portalegre. É com um sentido de honra e orgulho que encaro a minha participação neste Prémio, pelo simbolismo das Tapeçarias e pela actualidade da temática que proponho, crendo fortemente que este processo seja (tem sido e continuará a ser) crucial na minha evolução enquanto artista.