O distrito de Portalegre está repleto de trilhos pedestres, muitos deles bem sinalizados graças aos investimentos feitos pelo governo local e pelos serviços de turismo. Conduzem os aventureiros a cascatas, ribeiros, rios, atravessando florestas, formações rochosas e até ao topo de muitos picos. Um desses trilhos, que começa em Galegos, leva o caminhante até Espanha e de volta, seguindo uma rota outrora usada por contrabandistas que traziam bens de consumo como café e Coca-Cola para Portugal, em diferentes épocas políticas em que esses produtos não estavam disponíveis (ou permitidos) por cá. Chama-se “Rota do Contrabando” e tem 7,2 km de extensão. O meu marido, a nossa cadela e eu percorremos esta rota numa tarde chuvosa de outubro, há cerca de três anos, numa das nossas primeiras visitas à Serra de São Mamede — aquela que confirmou o nosso desejo de viver aqui. Realizei este desenho, intitulado “Contrabando”, quando regressei a Galegos, à rota e a um ponto específico do trilho onde Portugal encontra Espanha, em janeiro deste ano. Nesse lugar existe um pequeno conjunto de casas junto a esta minúscula fronteira — uma aldeia chamada La Fontañeira.