
Obra 23
João Concha
não-casa VIII (alegria vibrátil)
Técnica mista sobre papel
25 x 25 cm | 50 x 50 cm (com moldura)
Tema: Justiça e Paz
2025
No contexto nacional, de forma distinta mas bastante concreta, o problema da habitação é uma realidade inescapável, devido a um conjunto diversificado de motivos como a inacessibilidade ou a especulação imobiliária, a par de questões mais fundas (precariedade laboral, baixos rendimentos, exclusão social, etc), frustrando uma certa paz social. As obras que apresento são desenhos/pinturas — não estabeleço uma clara distinção entre os domínios, eles existem mesclados no meu trabalho — executadas em técnica mista sobre papel, na dimensão de 25 x 25 cm. O formato quadrado procura aludir ao equilíbrio e à igualdade, ao mesmo tempo que desafa os formatos rectangulares mais comuns na tapeçaria, trazendo uma certa novidade. Cada trabalho representa uma confguração arquetípica de ‘casa’, que ora se faz ou desfaz, mais sólida ou menos nítida, evocando ambientes antagónicos: tranquilidade vs. agitação, equilíbrio vs. desequilíbrio, trevas vs. luz. Assim, o conjunto refecte também sobre a fragilidade das relações espaço-tempo-construção, plasmada naquilo que é a casa e seu ambiente como espelho do próprio ser humano. Nesse sentido, estas ‘casas’ constituem uma metáfora mais lata para o mundo (exterior) que habitamos ou que nos habita (mundo interior).
As fronteiras são ainda linhas com que se tecem limites, na verdade mais difusos do que o ser humano pretende, por isso estes trabalhos conjugam a mancha e a linha, a aguada e o traço, convocando uma ou outra nuvem concertada com a casa, garantindo o promissor mistério ou, pelo contrário, sinalizando a sombra e o perigo.
