Traçando um esboço para o futuro, passando pelo destroço; as pinturas aqui apresentadas surgem no cair da Noite, onde a memória e a introspecção tecem a nossa decisão cuidada, escolhida a dedo, feita à mão. Sonho adormecido, ou acordado; é uma força estrutural da nossa existência. Parece que o engano ou o mito urbano nos roubou as estrelas do céu, a serem substituídas por satélites em estilhaços. Por entre as pedras da calçada, nasce uma planta. É para lá que foge o olhar. O cuidado, o gesto pequeno – dá-me a mão! – a tapeçaria é uma galáxia de pontos, cada ponto uma estrela. A Noite preciosa passou-nos o fio para a mão, mão que trabalha para ser dada a uma outra. E o que vamos construir? Um espaço para sonhar ou um lugar de luto do que foi? Olhamos a Lua. A relembrar o gesto que é a saudade de quem entra no Eterno Sono. Cabeça nas Nuvens é o nome do barco que nos leva nesta viagem onírica. A procura da Terra Nova não é uma conquista bruta, é a profundidade do medo do grotesco e soberbo da Natureza na qual navegamos. Quantos sonhos não vão dormir no mar, em barcos que nunca chegam a atracar? A forma como moldamos o planeta com a nossa vivência e utilização de recursos é uma escultura viva, material e social. Na esperança de que o devir nos traga uma nova forma (e nova força), é em fios de cor e linhas de contorno no rascunho do mundo que definimos a nossa rota até casa. E essa enorme realidade é sustentada por um laço apenas.